terça-feira, setembro 19, 2006

Serra das mesas ultima parte


Formas de Pormenor – As Mesas – No trabalho de campo acerca da morfologia granítica na Serra das Mesas fomos presenteados com uma enorme variedade de formas de entre as quais destacamos, pela sua originalidade e singularidade as “mesas”. As “mesas” são a designação adoptada para referenciar esta forma cúbica e relativamente bem conservada que apresentam os blocos graníticos nesta serra. Foi talvez devido a este desconcertante modelado que a sabedoria popular pertinentemente chamou a esta serra a Serra das Mesas.

A morfologia designada por mesas tem claramente a sua génese no sistema de fracturas ortogonais, sendo a partir desta associação relativamente complexa de diáclases que se interseccionam formando ângulos rectos entre si, que se justifica a forma cúbica que apresentam as mesas, ou seja, blocos perfeitamente cúbicos, quase sempre ultrapassando a dimensão métrica.

As observações permitem-nos constatar, em primeiro lugar, um incisivo sistema de fracturas ortogonais, desenhando uma matriz bastante perfeita de diáclases, em segundo lugar, esta área provavelmente possui uma constituição mineralógica que difere nalgumas características do restante batólito e a partir do qual se poderá justificar uma maior resistência aos processos de meteorização resultando assim na morfologia única que apresenta.

Na evolução e desenvolvimento das “mesas” observamos que as zonas de diaclasamento correspondem às áreas a partir das quais os materiais alterados por meteorização foram transportados através do escoamento da água, formando espaçamentos cada vez mais largos entre os blocos, como é visível na fotografia que apresentamos.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Serra das mesas parte II

Morfologia granitica da Serra das Mesas

Nesta área o estudo da morfologia granítica revelou uma intensa e interessante paisagem apresentando um modelado que se confirma variado e bastante singular, como são os exemplos que apresentamos em seguida, resultando em formas graníticas desconcertantes e pouco usuais que marcam indubitavelmente a paisagem e causando forte impacto no observador pela surpreendente beleza!

A meteorização esferoidal – As bolas de granito, variando em tamanho e perfeição de arredondamento, estão amplamente distribuídas por todos os continentes e em todos os tipos de climas, formando na paisagem conjuntos ou ocorrendo isoladamente. A génese e profusão das bolas graníticas deve-se ao facto das massas graníticas se encontrarem intensa e naturalmente diaclasadas, resultando este sistema de fracturação em inúmeros blocos relativamente individualizados e que posteriormente com a actuação dos processos de meteorização vão alterando e transformando o granito fresco, evoluindo os blocos duma forma angulosa para uma forma progressivamente arredondada.

A meteorização esferoidal, também designada por meteorização em “casca de cebola”, consiste no processo de formação de “conchas” concêntricas que envolvem completamente o núcleo de um bloco.

O processo de meteorização em “casca de cebola” está ligado ao desencadear da descompressão nos blocos de granito a partir de um ponto central provocando assim um desequilíbrio na estabilidade do bloco que evolui para o destacamento de placas por inteiro que envolvem o núcleo da rocha, podendo mesmo afectar conjuntos de blocos que apesar de sobrepostos não impedem a continuidade do processo de disjunção esferoidal de placas em redor de um bloco central, ou seja, ocorre um lajeamento concêntrico em consequência do alívio da pressão pois os materiais suprajacentes vão sendo alterados e removidos. Para ilustrarmos este caso concreto, apresentamos a seguinte fotografia:

sexta-feira, setembro 08, 2006

Serra das Mesas parte 1

Estudo da morfologia granítica na Serra das Mesas

Localização e enquadramento da área de estudo. A Serra das Mesas, latitude 40º 16’ 22’’N, longitude 6º 51’ 30’’W e altitude 1256 m, respeitante ao marco geodésico das Mesas, localiza-se na área sudeste do Concelho do Sabugal, concretamente na freguesia de Foios. A Serra das Mesas, constituindo um batólito, isto é, de natureza granítica, é parte integrante do sector terminal, ocidental, da Cordilheira Central espanhola, que penetra no território português através de um conjunto de elevações usualmente designado por Serra da Malcata, mas que as designações locais de toponímia diferenciam como é exemplo a Serra das Mesas,

A Serra das Mesas

A Serra das Mesas destaca-se do conjunto de elevações onde está inserida, unidade geomorfológica da Serra da Malcata, por duas razões, em primeiro lugar, pela altitude, possuindo o ponto onde ocorre a maior altitude da unidade, atingindo os 1256m, e em segundo lugar, pelo facto de ser a única serra deste conjunto onde domina a litologia granítica.

Em relação à litologia a Serra das Mesas apresenta um granito porfiróide de duas micas e grão médio a fino. A Serra das Mesas é uma área intrigante e rica ao nível do modelado granítico, sendo possível observar na paisagem o granito esculpido com arte e mestria pela natureza e pela passagem do tempo. A área apresenta uma morfologia desconcertante tanto pela riqueza, como pela quantidade e originalidade de modelado que conserva e que resultou numa diversidade exuberante de formas.

O desenvolvimento do trabalho de campo levou à comprovação que o batólito da Serra das Mesas é um extraordinário “laboratório” de pesquisa da morfologia granítica, apresentando um ecletismo realmente notável e originando uma multiplicidade de formas sempre originais, sempre surpreendentes.

Autor: Vitor Clamote