quinta-feira, junho 08, 2006

Continuação da Safra

Chuhchurumel

Tal como tantas outras, também esta história pode começar por “Era uma vez…”.
Era uma vez um atelier muito grande. Ficava no Feital, no concelho de Trancoso, e era da Maria Lino, uma amiga escultora e pintora que tinha regressado há uns anos da Alemanha. Aí se encontraram dois músicos, ambos com grande interesse pelas tradições e pela música portuguesa.
Começaram a trabalhar juntos e decidiram baptizar-se. Procuraram, procuraram, até que encontraram o nome numa lenga-lenga chamada “O castelo de Chuchurumel”. Quando nasceu, Chuchurumel admirava as canções que o Michel e outros tantos como ele tinham descoberto e guardado com profundo amor. (Estava-lhe no sangue…) Juntou algumas dessas canções e cantou-as vezes sem conta num espectáculo chamado “Canções de Todo o Ano”. Depois fez um disco e mais um espectáculo (“Tapete Voador”).
E afinal, o que faz Chuchurumel? Canta e toca música tradicional portuguesa, usa muitos instrumentos e muitos sons, faz oficinas de formação, constrói instrumentos, faz nascer espectáculos para lugares especiais e adora salvar vidas: conversar com as memórias dos outros e fazer recolhas. Também gosta de pesquisar todos e quaisquer tipos de sons e de usar computadores e outras caixinhas mágicas.
Após dois anos de trabalho, Chuchurumel edita o seu primeiro disco, no castelo de Chuchurumel, que apresenta temas da tradição popular portuguesa (nomeadamente do distrito da Guarda) e composições originais.

Alguns dos temas gravados no castelo de Chuchurumel foram recolhidos por José Franco e publicados na revista “Altitude”, nos inícios da década de 40 do século passado: Canção da Ceifa (Gonçalo, Guarda); Aninhas (Sobral da Serra, Guarda); Cantilena de pedreiro (Barreira, Mêda); outros remetem para universos sonoros marcantes (os bombos da festa dos Montes, Trancoso), para a voz única de algumas informantes (Júlia Fonseca e Maria Augusta Moleira) ou para relatos singulares (relato de Lúcia Jorge a propósito dos trabalhos do linho).
O disco inclui também uma canção única: trata-se de “Se soenes crunhe penhar”, a única canção com letra elaborada na gíria de Quadrazais (Sabugal). Trata-se de uma gíria usada pelos antigos contrabandistas e que hoje está praticamente esquecida.No castelo de Chuchurumel, misturam-se instrumentos convencionais (percussões, gaita-de-foles, concertina, piano, ocarina, viola, bandolim), com instrumentos simples (pedras, paus), com outros construídos por César Prata e com programações.

1 comentário:

Anónimo disse...

São muito bons. Parabéns. Estou lá!